A falta de medicamentos no Centro de Saúde Padre César Córneo — o único posto de saúde de Tuiuti — e a superlotação de uma ambulância do SAMU acenderam o alerta sobre as condições da saúde pública no município, localizado na região bragantina. Os casos ocorreram na última semana e foram denunciados por moradores à reportagem do Mais Bragança.
Segundo uma moradora de 34 anos, que preferiu não se identificar, ao procurar atendimento médico após uma crise de enxaqueca, foi informada pelo profissional de que “não teria muito o que fazer”, devido à escassez de medicamentos no posto.
Ela relatou que, ao consultar a lista de remédios disponíveis, o médico mostrou que havia apenas dipirona e buscopan — sendo que ela é alérgica ao primeiro.
“O restante tinha acabado”, afirmou à reportagem do Mais Bragança.
No dia seguinte, durante uma consulta pediátrica com sua filha de dois meses, a mesma moradora presenciou um novo episódio de falta de medicamentos.
“Uma criança com febre chegou com a mãe, e o posto não tinha medicação”, relatou.
O caso chegou ao conhecimento do vereador Haroldo Mariano, que solicitou a lista de medicamentos disponíveis no posto. Segundo ele, foi orientado a fazer o pedido formalmente por escrito.
Superlotação em ambulância
Ainda na mesma data, um segundo caso chamou atenção: uma ambulância do SAMU transportava nove pessoas de Bragança Paulista para Tuiuti — em um veículo com capacidade para apenas seis.
De acordo com o motorista, que também preferiu não ser identificado, a ordem partiu de um “encarregado”, mesmo com ciência da lotação acima do permitido.

“Falaram pra mim no telefone: ‘dá um jeito e se vira, senão eles vão ficar em Bragança. É difícil, mas é ordem, se não cumprir, vamos ser castigados’”, afirmou o condutor.
Vídeos obtidos pelo Mais Bragança mostram pessoas de pé, idosos, crianças e até um bebê de cinco meses sendo transportados em condições precárias.
“Uma pouca vergonha”, diz um dos trechos.
Segundo o motorista, após um casal de idosos desembarcar em Bragança Paulista, outras pessoas seguiram viagem — três delas sentadas sobre a maca, sem cinto de segurança.
Uma das passageiras contou que o casal cedeu lugar para uma mãe com bebê de colo e, devido à superlotação, precisou descer no bairro dos Lavapés, em Bragança, para seguir o restante do caminho de ônibus.
“Eu acho um absurdo nós, com uma criança, precisarmos passar por isso. Eu não tenho dinheiro para vir de ônibus, então preciso da ambulância”, desabafou.


